segunda-feira, 28 de setembro de 2015

FICHA DE DESCOBERTA



FICHA DE DESCOBERTA

PALAVRA GERADORA

FAMÍLIA
família


ANÁLISE

FA-MÍ-LIA
fa-mí-lia

FICHA DE DESCOBERTAS - FAMÍLIAS SILÁBICAS

FE- FA- FI- FU- FO- FÃO
fe- fa- fu- fo- fi- fão

MI- ME- MA- MU- MO- MÃO
ma- mi- mu- me- mo- mão

LO- LE- LU- LA- LI- LÃO
 li- le- la- lu- lo- lão

E – U – A – I – O - ÃO
e – u – a – i – o - ão 

PALAVRA – FORMAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS

FALA – LULU  – MOLE –  MALA -  LULA
FAMA – FOFÃO – MÃO - FOGO - FOFO
MELÃO – MAMÃO - LIMÃO - FOME
LUA - LEIA - MULA - FILÓ

SEQUÊNCIA DIDÁTICA A PARTIR DE JOGO

COMPETÊNCIA:

Analisar a capacidade de interpretação, leitura, escrita e o raciocínio lógico.



HABILIDADES:

- Ampliar a capacidade de memorização;
- Relacionar as letras e os sons da fala;
- Compreender a natureza arbitrária da língua escrita;
- Expressar oralmente suas ideias, experiências, argumentando e defendendo seu ponto de vista.

CONTEÚDOS:

Gênero textual: “jogos”;
> Grafema e fonema.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Ø  Atividade de rotina;
Ø  Apresentar o alfabeto no quadro diferenciando as vogais e as consoantes;
Ø  Apresentar o vídeo “Jogo da memória” (Evandro Veras);
Ø  Após a apresentação do vídeo, será aberta a discussão.

v  Primeiro momento – codificação:

Ø  Vocês conhecem esse gênero textual?
Ø  Vocês já conheciam esse jogo?
Ø  A forma de jogar é a mesma do vídeo?
Ø  Como vocês costumam jogar?



v  Segundo momento - decodificação:

Ø  Realizar a leitura do texto da regra do jogo;
Ø  QUESTIONAMENTOS:
Vocês entenderam o texto lido?
Qual a regra do jogo?
É importante saber a regra do jogo?

v  Terceiro momento – Análise linguística:

Ø  Palavra geradora: “MEMÓRIA”
Ø  Mostrar a palavra inteira aos alunos;
Ø  Ler com os alunos a palavra MEMÓRIA, perguntar quais as consoantes e quais as vogais;
Ø  Mostrar suas partes: ME-MÓ-RI-A.

v  Destacar as famílias silábicas:

ME – MU – MI – MO – MA
 RE - RA – RU – RI - RO
 A – I – E - U – O

Ø  Pedir que os alunos copiem  a família silábica no caderno;
Ø  Dividir a sala em 05 grupos e entregar o envelope com as famílias silábicas;
Ø  Utilizar o dado para determinar a quantidade de cartões que poderá levantar;
Ø  Formando a palavra esse jogador retira os cartões e tem direito a mais uma jogada;
Ø  O jogo termina quando são retirados da mesa todos os cartões de todos os participantes;
Ø  Vence o jogador que consegue o maior número de palavras;
Ø  Pedir aos alunos para construírem um cartaz com as palavras formadas pelos grupos;
Ø  Apresentação dos cartazes;



RECURSOS:

Vídeo;
-  Quadro;
-  Giz;
-  Datashow;
-  Cartolina;
-  Hidrocor.

 AVALIAÇÃO

Observar a participação dos alunos na leitura e na escrita se conseguiu produzir palavras com sentido, interagiram com os colegas no momento do jogo e da apresentação, verificar os avanços e as dificuldades dos alunos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

FICHA DE DESCOBERTA

Após o aprendizado do Método Sociolinguístico em sala produzimos essa ficha de descoberta. Esse método consiste em um trabalho de alfabetização a partir da palavra geradora, que é extraída do universo vocabular dos aprendizes. O método têm quatro passos (CODIFICAÇÃO, DESCODIFICAÇÃO, ANÁLISE E SÍNTESE, FIXAÇÃO DA LEITURA E ESCRITA), podendo ser utilizado nos diferentes níveis da lecto-escrita apresentado pelas crianças, com o intuito de fazê-las progredir.



FICHA DE DESCOBERTA

PALAVRA GERADORA

MACACO
macaco



ANÁLISE

MA-CA-CO
ma-ca-co

FICHA DE DESCOBERTA - FAMÍLIAS SILÁBICAS

ME-MI-MU-MÃO-MO-MA
me-mi-mu-mão-mo-ma

CA-CO-CÃO-CU-CE-CI-QUI-QUE
ca-co-cão-cu-ce-ci-qui-que

I-A-O-U-E-ÃO
i-a-o-u-e-ão

PALAVRA - FORMAÇÃO DE NOVAS PALAVRAS

MIMO - CUECA - CACO - COCA - CUCA
MEIO - MEIA - CAMA - MAÇÃ - CAIU - CÔCO
COCÔ - COCÓ - MICO - MAMÃO - OCA - CACIQUE
MUQUE - CACO - MUCO - MICA - CACAU - QUEIMOU
MIAU - MOQUECA - MAQUIOU - AMA -AMO - MÃO - QUICA
CÃO - COMEU - COCÁ - CEIA - CIÚMES - MOÇA - MOÇO - CUIA

mimo - cueca - caco - coca - cuca
meio - meia - cama - maçã - caiu - côco
cocô - cocó - mico - mamão - oca - cacique
muque - caco - muco - mica - cacau - queimou
miau - moqueca - maquiou - ama -amo - mão - quica
cão - comeu - cocá - ceia - ciúmes - moça - moço - cuia

SEQUÊNCIA DIDÁTICA A PARTIR DE JOGO

Essa sequência didática foi feita com o objetivo de criar condições para que a criança aprenda a escrever o seu nome, dando inicio a alfabetização escolar a partir desse aprendizado, que está atrelado também ao reconhecimento de si, noção de identidade e percepção da função social da escrita.


IDADE

- a partir de 4 anos.

COMPETÊNCIAS

* Compreensão da função social da escrita, através do nome;
* Afirmação da identidade através da diferenciação e percepção do nome próprio e o nome dos colegas;



HABILIDADES

- Reconhecer o seu nome escrito, sabendo identificá-lo nas diversas situações do cotidiano;
- Identificar os nomes dos colegas;
- Reconhecer as vogais e as consoantes;
- Copiar seu nome;
- Diferenciar escrita de desenhos.
- Interessar-se pelas próprias produções e pelas diversas obras artísticas ampliando seus conhecimentos do mundo e da cultura;
- Produzir trabalhos de artes, desenvolvendo o gosto e o respeito pelo processo de produção e criação.

CONTEÚDO

> Escrita do nome

 SEQUÊNCIA DIDÁTICA I

Chegada:
- Chamadinha ilustrada relacionando primeira letra do nome a objetos do cotidiano;

            Exemplo: “Olhem crianças, o que é isso? (deixe que respondam) Isso mesmo, uma borboleta!   ‘Bê’ de borboleta.. ‘bê’ de quem aqui? De Beatriz! Muito bem!”

- Construção do Jogo Memória 3D pelos alunos, orientados por mim.
1º Mostrando as fotos que serão coladas no jogo, para que eles reconheçam a si e aos colegas.
2º Mostrando os nomes das crianças escritos em letra bastão que serão colados no jogo, relacionando com outro jogo de letras soltas de madeira, buscando nesse último as letras do seu nome.
3º Montagem do jogo: as crianças usam tinta e pincel para pintar as garrafas pets, já cortadas.

Enquanto o jogo seca...

- Momento de cantar e dançar a cantiga de roda “Se eu fosse um peixinho” colocando o nome de todos os presentes.

Se eu fosse um peixinho
E soubesse nadar
Tirava o(a) __________
Lá do fundo do mar.

- Atividade: completar a música com seu nome e desenhar um peixinho dentro do aquário.

- Aplicação do Jogo da Memória 3D: As crianças irão jogar todas juntas, onde, ao invés de ser jogo da memória, será para elas acharem:
1. A foto e o nome delas mesmas, dentre os outros;
2. A foto e o nome de algum coleguinha, dentre os outros;
3. Momento de descontração, jogarem como quiserem.


Finalizando...

- Apresentação do poema “Nome da gente” de Pedro Bandeira em cartaz, com figuras;
1. Leitura do poema pela professora;
2. Leitura da professora seguida pelos alunos, verso por verso;
3. Conversa sobre o que está escrito no poema;


AVALIAÇÃO

            O aluno será avaliado durante todo o processo, através da observação direta ao envolvimento do mesmo nas atividades propostas e à capacidade deste de se relacionar em grupo, de modo que o resultado dessa observação constituirá um valioso instrumento para os planejamentos posteriores e, consequentemente, para o redirecionamento da prática docente.


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

RESUMO - Alfabetização: método sociolinguístico (CAPÍTULO 4)

Onaide Schwartz Mendonça e Olympio Correa Mendonça são os autores de vários livros que envolvem a temática alfabetização, dentre eles, “Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire”. Esse livro contêm exemplos práticos e concepções de proposta de alfabetização fundamentadas na Linguística, Sociolinguística e na Psicolinguística.




          A parte que aqui será resumida, é o capítulo quatro do livro supracitado, de título: “Como implementar o método sociolinguístico de alfabetização: consciência social, silábica e alfabética”. Esse trecho apresenta algumas sugestões para a prática do alfabetizador, no que diz respeito a implementação do método sociolinguístico. Para isso, os autores dividiram o capítulo em seis partes: “Sugestões preliminares para a prática de alfabetização”, “Orientações para implementar o método sociolinguístico de alfabetização através da palavra geradora”, Roteiro para desenvolver a palavra geradora: passos (1º, 2º, 3º, 4º) do método Paulo Freire associados a atividades didáticas dos níveis pré-silábicos (I), silábico (II) e alfabético (III) decorrentes da psicogênese da língua escrita”, “Atividades para alfabetização infantil: palavra geradora: ESCOLA”, “Atividades para alfabetização de jovens e adultos: palavra geradora: ESCOLA”, e, “Conclusão”. Na primeira parte, de título “Sugestões preliminares para a prática de alfabetização” os autores trazem algumas dicas na hora de alfabetizar, como: a leitura e a cópia do alfabeto deve ser realizada diariamente e em diferentes ordens; quando os alunos tiverem dominado a correspondência som/letra com todas as letras do alfabeto, deve-se introduzir a letra de imprensa minúscula; dominada pelos alunos a letra de imprensa, o professor poderá ensinar a manuscrita; há crianças às quais o professor precisará dedicar atenção especial, para que descubram que a sílaba é composta geralmente pela união de consoante e vogal; é produtivo que o professor explique e depois questione o aluno, para que ele perceba que é preciso refletir e compreender, para poder responder ao questionamento; entre outras. Na segunda parte, os autores trazem orientações para implementar o método sociolinguístico a partir da palavra geradora. Os autores acreditam que a palavra geradora deve ser escolhida a partir da sua representação para a realidade linguística do educando. O processo de análise e síntese deve ser precedido da “codificação” e “descodificação” da palavra geradora, para que o processo seja motivador, e não mecânico. Após esses dois processos, apresenta-se a palavra geradora escrita e as famílias silábicas da mesma, apresentada fora da ordem tradicional das cartilhas, para que as crianças possam formar novas palavras e copiá-las. Já o quarto passo, é composto basicamente de atividades de nível alfabético: produção de frases, textos, etc. Na parte três do capítulo, os autores apresentam um roteiro para trabalhar a palavra geradora ESCOLA através dos passos de codificação, descodificação, análise e síntese da palavra geradora e fixação da leitura e da escrita. Os autores também apresentam planos de estudos de sequências das famílias silábicas, facilitando a prática a partir desse método. No tópico quatro do capítulo, os autores apresentam atividades para trabalhar na alfabetização de crianças, seguindo o passo a passo do método sociolinguístico. Na parte cinco, os autores trazem atividades para alfabetizar, mas agora na perspectiva de jovens e adultos. Na última parte, intitulada “Conclusão”, os autores fazem um apanhado geral histórico das formas de alfabetizar no Brasil: período das cartilhas, período construtivista, e, nos dias de hoje, o terceiro período que se discute o fracasso da alfabetização. Os autores buscaram, através desse livro, contribuir na reversão do atual fracasso, oferecendo uma releitura do método Paulo Freire.



REFERÊNCIA:

MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa. Como implementar o método sociolinguístico de alfabetização. In: Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2007. p. 95-146.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

RESUMO - Alfabetização: método sociolinguístico (CAPÍTULO 3)

            Paulo Freire, na esperança de contribuir para a inclusão social de milhões de analfabetos brasileiros, no domínio da leitura e da escrita como instrumento para conscientização de seus direitos de cidadão, elaborou o que dominou ser mais uma filosofia de educação do que propriamente um método. Assim, como os conteúdos sociológicos e linguísticos que fundamentam esta proposta de alfabetização estão implícitos no método “Paulo Freire”, a sua descrição e releitura serão utilizadas para a explicitação do que ora denominamos métodos sociolinguístico de alfabetização. Faz-se necessário conceituar “palavra geradora” que é também designação sinônima do método Paulo Freire, ou seja, método da palavra Geradora, por que é extraída do universo vocabular dos aprendizes conforme critério de produtividade temática, fonética e do teor de motivação e conscientização e, a seguir através da decomposição das silabas e pela sua combinação são geradas outras palavras. Para sequenciar a exposição dos pensamentos sociológico do método Paulo freire apresentou seus passos e suas e suas respectivas funções: (1º) Codificação: é a apresentação de um aspecto da realidade expresso pela palavra geradora, por meio de oralidade, desenho, dramatização, mímicas, musicas e outros códigos que o alfabetizando já domina. (2º) decodificação: é a releitura de realidade expressa na palavra geradora para superar as formas ingênuas de compreender o mundo, através da discussão critica e do subsidio do conhecimento universal acumulado. (3º) Analise e síntese: engloba a análise e síntese da palavra geradora, objetivando levar o aprendiz a descoberta de que a palavra escrita representa a palavra falada, através da divisão da palavra em silabas e apresentação de suas famílias silábicas na ficha de descoberta e, a seguir a junção das palavras para formar novas palavras. (4º) fixação da leitura escrita: este passo faz a revisão da análise das silabas da palavra e apresentação de suas famílias silábicas para, através da ficha de descoberta, formar novas palavras com significado e para composição de frases e textos, com leitura e escrita significativas. Nesta etapa, que precede o desenvolvimento propriamente dito do “método”, são operacionalizados conceitos e técnicas destinados a investigar a fala da comunidade e levantar o universo vocabular da clientela, para a escolha das palavras geradoras, estabelecendo um corpus possibilita também a descrição inicial de traços do falar da comunidade escolar. O alfabetizador esclarecido não discriminara o aprendiz, emudecendo-o, estigmatizando-o; pelo contrario respeitara sua variedade, inclusive sua escrita alfabética espontânea (o aprendiz que escreve foneticamente, traduzindo sua variedade de fala) transcrevendo-a para a escrita ortografia e, partindo dela, trabalhando suas diferenças e semelhanças, ajudara o aluno a eliminar o dialeto padrão, tanto falado como escrito, que decorre da escrita ortográfica. A “codificação” e a “descodificação” da palavra geradora constituem os dois primeiros passos do método Paulo Freire de alfabetização garantindo que a aquisição da leitura e da escrita seja significativa no sentido que partem da discussão da palavra geradora, discursivamente através do diálogo o dos códigos que o alfabetizando domina. Tradicionalmente, os materiais didáticos de alfabetização iniciam a alfabetização pela letra ou pela silaba, ou pela sentença, ou ainda por um texto. Essa metodologia torna- se mecânica, se não for inserida na situação e na intencionalidade discursiva do alfabetizando. As primeiras técnicas de escritas precisam está associada a uma autentica oralidade, na qual este fragmento se contextualiza. Nesse, sentido a escrita não será mera transcrição da fala, por que estará investida de significação através da contextualização. Paulo Freire só faz a analise e a síntese das silabas da palavra geradora depois de retira-la do contexto de onde é produzida, com seu significado em uso real da linguagem. “Freire jamais reduziu esse passo de seu método a repetição em coro de famílias silábicas, como ainda ocorre em algumas escolas, em razão de professores acreditarem que mediante tal pratica a criança ira decorar as silabas e com isso aprender a ler”. Freire não tinha essa concepção; para ele por meio da analise e síntese que o aprendiz tomaria consciência da existência da silaba, estabeleceria a correspondência entre a fala e a escrita e, em vez memorizar, compreenderia nosso sistema de escrita alfabético, alem de ter oportunidade de compor novas palavras por meio da ficha de descoberta (composta pela família silábica ou fonética desenvolvida de cada silaba de uma palavra geradora.). A linguística (ciência da linguagem) contribui para a formação do alfabetizador, porquanto oferece fundamentos necessários a compreensão do processo de aprendizagem e ensino da leitura e da escrita, e das estratégias para aquisição dessas habilidades. Ainda é possível refletir sobre as conseqüências das decisões que o educador vem tomar, sem bases na contribuição das linguísticas, levando ao fracasso da alfabetização na escola publica, nos últimos anos, em que 33% dos alunos da 4º série do ensino fundamental ainda permanecem analfabetos (índices do SAEB). Na fase pré-linguística do caminho que percorre ate a alfabetizar- se ignora que a palavra escrita representa a palavra falada e desconhece como essa representação se processa. No nível pré-silábico de escrita o aprendiz pensa que se escreve com desenhos, rabiscos, letras ou outros sinais gráficos, e que a palavra escrita assim inscrita representa a coisa que se refere. A passagem para o estagio seguinte, o nível silábico faz-se com atividades de vinculação do discurso oral com o texto escrito, da palavra escrita com a palavra falada. O aprendiz descobre que a palavra escrita representa a palavra falada e, por vezes, pensa que basta uma letra para se poder pronunciar uma silaba oral. O aprendiz quando supera o nível silábico e atinge o alfabético, vendo nas palavras as silabas e os fonemas combinados desequilibram-se ao perceber que essa relação biunívoca letra/ som, som/ letra, onde a letra representa o som, não ocorre sempre. É o momento em que o educador intervém e mostra que, para o domínio da escrita, o aluno precisa perceber que os sons da fala não são representados sempre biunivocamente, mas que tem relações complexas. Entendera que se fala de um jeito e escreve de outro, com base nãos na transcrição fonética, mas tradição ortográfica. Afinal, segundo Caligari, linguístico e reconhecido especialista em alfabetização: A alfabetização gira em torno de três aspectos importantes da linguagem: a fala, a escrita e a leitura... (1999: 82).

REFERÊNCIA:

MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa. O método sociolinguístico de alfabetização: consciência social, silábica e alfabética. In: Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2007.


RESUMO - Alfabetização: método sociolinguístico (CAPÍTULO 2)

Tornou-se comum educadores afirmarem que - a alfabetização deve ser um processo criativo, o diálogo precisa estar na sala de aula, precisamos formar o cidadão crítico e reflexivo. Mas como fazer isso? Este livro, através do Método Sociolinguístico, oferece subsídios para o professor desenvolver, passo a passo, uma alfabetização conscientizadora, despertada pelo senso crítico e pela reflexão. Os autores reinventaram o Método Paulo Freire, quando a ele associam atividades dos níveis pré-silábico, silábico e alfabético, decorrentes da Psicogênese da língua escrita, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, apontando um caminho para a alfabetização de qualidade de crianças, jovens e adultos.


           Onaide Schwartz Mendonça alfabetizou crianças no ensino público durante dez anos, é especialista em Didática Geral, mestre e doutora em Letras – Área de Filologia e Linguística Portuguesa – pela Universidade Estadual Paulista. Olympio Correa Mendonça alfabetizou adultos no ensino público e em comunidades. É professor (aposentado) de Linguística e Ensino de Língua Materna da Universidade Estadual Paulista, onde orientou dez mestrados e cinco doutorados recomendados pelo MEC. Eles são os autores de vários livros que envolvem a temática alfabetização, dentre eles, “Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire”. Esse livro contêm exemplos práticos e concepções de proposta de alfabetização fundamentadas na Linguística, Sociolinguística e na Psicolinguística. A parte que aqui será resumida, é o segundo capítulo do livro supracitado, com o título: “O construtivismo no Brasil: contribuição, equívocos e consequências para a alfabetização”. Esse trecho pretende apresentar os resultados da pesquisa “Psicogênese da língua escrita”, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, em seus aspectos linguísticos, significativos à alfabetização, e demonstrar os equívocos mais comuns advindos da interpretação desvirtuada dessa teoria, bem como suas consequências. Para isso, os autores dividiram o capítulo em três partes: “A contribuição da Psicogênese da língua escrita para a alfabetização”, “Equívocos da interpretação da Psicogênese da língua escrita”, e, “Consequências dos equívocos da interpretação da psicogênese da língua escrita”. Na primeira parte (“A contribuição da Psicogênese da língua escrita para a alfabetização”), os autores iniciam mostrando o inicio da pesquisa de Ferreiro e Teberosky, em 1974, sendo a primeira publicação no Brasil em 1986, partindo da concepção de que a aquisição do conhecimento se baseia na interação do sujeito com o objeto de conhecimento, demonstrando que antes da criança chegar à escola, ela já faz hipóteses sobre o código escrito, além de dizer que a teoria piagetiana não tinha bases suficientes para dar conta da linguagem. Dessa forma, Ferreiro e Teberosky, partem do pressuposto de que todo o conhecimento tem uma gênese, colocando as seguintes questões: “Quais as formas iniciais do conhecimento da língua? Quais os processos de conceitualização do sujeito (ideias do sujeito + realidade do objeto de conhecimento)? Como a criança chega a ser um leitor, no sentido das formas terminais de domínio da base alfabética da língua escrita?” Durante a sua pesquisa, baseado nos experimentos, essas respostas vão sendo respondidas, criando então, um caminho que a criança percorre na sua formulação de hipóteses a respeito do código, que pode ser representado nos níveis pré-silábico, silábico, silábico-alfabético, alfabético. Quando questionada sobre a aquisição da escrita por adultos, e se o processo se dá da mesma forma que na criança, Ferreiro mostrou que assim como as crianças sabem, mesmo antes de vir para a escola, que a escrita é um sistema de representação e fazem hipóteses, o adulto analfabeto também se encontra na mesma condição. O que difere, é que os adultos não passam pelo nível pré-silábico, já que tem muito claro que se escreve com letras e qual a função social da escrita, alem da dificuldade de conseguir do adulto produções escritas, quando este está pré-alfabetizado, por se sentir incapaz de tentar escrever. Na segunda parte, com nome “Equívocos da interpretação da Psicogênese da língua escrita” os autores abordam o equívoco da exclusão da didática silábica nas escolas que aderiram à teoria construtivista. Teoria esta que foi introduzida no Brasil com o intuito de contribuir na melhoria da qualidade da alfabetização, sendo que, para que isto ocorra, tem havido um abalo nas crenças e nos fundamentos da alfabetização tradicional, mudando drasticamente a linha de ensino das escolas. Isso infelizmente acarretou num grande conflito metodológico para os professores alfabetizadores. A Psicogênese da língua escrita diz que o professor tem o papel de mediador entre a criança e a escrita, criando estratégias que propiciem o contato do aprendiz com esse objeto social, para que possa pensar e agir sobre ele, mostrando que a alfabetização deve ser significativa, contextualizada. Mesmo trazendo uma ideia global da maneira de alfabetizar, o professor não deve deixar de fazer a segmentação em fonemas, já que ela não se desenvolve naturalmente, precisando ser ensinada explicitamente, só que não necessariamente de maneira mecânica. Na terceira e última parte do capítulo (“Consequências dos equívocos da interpretação da Psicogênese da língua escrita”) os autores trazem as principais consequências e orientações equivocadas decorrentes da má interpretação da Psicogênese da língua escrita: 1) as definições de alfabetização e letramento; 2) a ideia de que as relações entre fonemas e grafemas são específicas à alfabetização; 3) os textos utilizados nas “propostas construtivistas”; 4) a ideia de que os alunos aprendem a escrever só de ver o professor escrevendo na lousa; 5) a ideia de que não precisa ensinar, já que a criança aprende sozinha; 6) a forma de solicitar que os alunos escrevam do seu jeito; 7) a ideia de que o professor não pode corrigir o aluno; 8) o salto entre atividades do nível pré-silábico para as de nível alfabético; 9) o preconceito contra a sílaba; e, 10) a ideia de que o professor não pode intervir, já que o sujeito constrói o seu conhecimento. Percebe-se que o construtivismo teve seu mérito por apresentar uma teoria sobre a aquisição da escrita, entretanto, se antes não tínhamos uma teoria, mas somente um método baseado nas cartilhas, hoje temos teoria, mas não se tem método.

REFERÊNCIA:

MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa. O construtivismo no Brasil: contribuição, equívocos e consequências para a alfabetização. In: Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2007. p. 41-72.

PARTE 2 - ANÁLISE: em qual fase ele(a) está?

Na segunda postagem dessa série, trouxemos uma análise da escrita de uma menina, de nome fictício Maria. Ela tem dois anos e três meses. Vamos conferir em qual fase ela está?


Teorizando o processo de análise...


            Atividade desenvolvida pela docente da disciplina de Metodologia da Alfabetização do curso de Licenciatura em Pedagogia (VI semestre), com o intuito de analisar a fase da lecto-escrita de alguma criança na faixa etária de dois a seis anos, observando a desenvoltura da mesma. Sobre determinado assunto as autoras Ferreiro e Teberoski, vem nos dizer o seguinte:

(...) Pretendemos demonstrar que a aprendizagem da leitura, entendida como questionamento a respeito da natureza, função e valor deste objeto cultural que é a escrita, inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por insuspeitados caminhos... .Com isso nos leva a pensar na historia de vida que cada individuo possui antes mesmo de frequentar a escola, e que nenhum aluno é considerado uma tabula rasa.

            A teoria psicogênese diz que a criança passa por níveis estruturais da língua escrita até que se aproprie da complexidade do sistema alfabético. Essas fases são classificadas em: pré-silábico; silábico, que se divide em silábico-alfabético e alfabético. Esse é o primeiro momento da criança de descoberta e contato com a escrita, onde ela não estabelece relações entre a escrita e a pronúncia, expressando sua escrita através de desenhos, rabiscos e letras usadas aleatoriamente, sem repetição.
            Outra característica desta fase é o "realismo nominal", expressão utilizada por Piaget para designar a impossibilidade de conceber a palavra e o objeto a que se referem como duas realidades distintas. Assim, a criança pensa que a palavra “trem” é maior que “telefone”, porque representa um objeto maior e mais pesado. A superação do realismo nominal, pela percepção de que a palavra escrita, diferentemente do desenho, não representa o objeto, mas, seu nome, é indispensável para o sucesso na alfabetização. Com a mudança para a próxima fase o que pode acontecer é uma serie de conflitos na cabeça da criança, onde no primeiro momento ela poderia representar as palavras com desenhos, rabiscos etc. Com a passagem do pré-silabico para o silábico a criança descobre a lógica da escrita, percebendo a correspondência entre a representação escrita das palavras e as propriedades sonoras das letras, usando, ao escrever, uma letra para cada emissão sonora. Causando assim alguns conflitos que levará ao próximo nível: a percepção de que há estabilidade nas palavras (há uma forma única para escrever corretamente cada palavra).

Análise de Maria (nome fictício):


Figura 2


           A criança a qual foi feita a analise, tem dois anos e três meses, chamada aqui por nome fictício Maria, e encontra-se na fase pré-silábica, (como mostra a figura 2) e para que aconteça a mudança de fase é preciso que seja desenvolvidas atividades de vinculação do discurso oral com o texto escrito, da palavra escrita com a palavra falada. E no momento da analise foi percebido que com decorrer da atividade, a criança ia escrevendo em rabisco tudo que era pedido para ser feito, e alguns rabiscos eram semelhantes, pois com é dito por Teberosky e Ferreiro que a criança, nessa fase: não estabelece vínculo entre fala e escrita; demonstra intenção de escrever através de traçado linear com formas diferentes; supõe que a escrita é outra forma de desenhar ou de representar coisas e usa desenhos, garatujas e rabiscos para escrever; supõe que a escrita representa o nome dos objetos; coisas grandes devem ter nomes grandes, coisas pequenas devem ter nomes pequenos.

Análise feita por: Vanusa Souza

REFERÊNCIA:

MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa. Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2007.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

PARTE 1 - ANÁLISE: em qual fase ele(a) está?

Nessa série de postagens, iremos mostrar a análise que fizemos com crianças de diferentes idades, com o intuito de compreender na prática as fases da lecto-escrita. A Teoria que aqui utilizaremos como base é a psicogênese da língua escrita, formulada e comprovada por Ferreiro e Teberosky.


Teorizando o processo de análise...

Dentre as obras de Emília Ferreiro – Psicogênese da língua escrita é a mais importante, mesmo que não apresente nenhum método pedagógico. A importância passa pela revelação dos processos de aprendizagem das crianças, questionando o modelo tradicional do ensino da leitura e da escrita. A base teórica para compreender como se dá a aquisição da leitura e da escrita é o construtivismo, acreditando que a criança tem papel ativo na aprendizagem (construindo o próprio conhecimento). A principal mudança na escola a partir desse campo de estudo é transferir o foco, no caso, da alfabetização, do conteúdo ensinado para o sujeito que aprende, sendo que o principio do processo é que, cada salto cognitivo depende de uma assimilação e uma acomodação dos sistemas internos (o que vai levar tempo, por isso o ato de repetir o que ouve não leva a criança a interpretar o conhecimento e assim fazer o processo descrito acima).
            Os aspectos propriamente linguísticos da Psicogênese da língua escrita (e o que interessa para analisar a escrita da criança) são para Mendonça e Mendonça (p. 43, 2007) quando Ferreiro e Teberosky “descrevem o aprendiz formulando hipóteses a respeito do código, percorrendo um caminho que pode ser representado nos níveis pré-silábico, silábico, silábico alfabético, alfabético”. A pesquisa demonstra que essa construção da habilidade de ler e escrever segue uma linha, organizada em três grandes períodos:

1º) o da distinção entre o modo de representação icônica (imagens) ou não icônica (letras, números, sinais); 2º) o da construção de formas de diferenciação, controle progressivo das variações sobre o eixo qualitativo (variedade de grafias) e o eixo quantitativo (quantidade de grafias). Esses dois períodos configuram a fase pré-linguística ou pré-silábica; 3º) o da fonetização da escrita, quando aparecem suas atribuições de sonorização, iniciado pelo período silábico e terminando no alfabético. (MENDONÇA e MENDONÇA, 2007, p. 44).

Análise de Paulo (nome fictício):



Figura 1

A situação da coleta ocorreu em uma sala de ensino religioso, onde sou professora. Para a criança, um menino de cinco anos de idade, foi solicitado em forma de brincadeira, sem nenhum tipo de cobrança, que ela escrevesse uma palavra numa folha. Orientada pela docente da disciplina que pediu a coleta do material, as palavras seriam de objetos do cotidiano da criança, então, pedi que escrevesse a palavra ‘bola’. Paulo respondeu que não sabia escrever, e como percebi que ele tinha ficado um pouco tenso, pedi que ele escrevesse como sabia e qualquer palavra que quisesse. Então, ele escreveu as palavras ‘luz’, ‘castelo’ e ‘mamãe’ (ordem que foram escritas).
          Analisando a escrita de Paulo (figura 1), percebe-se que: ele não estabelece vínculo entre a fala e a escrita; usa letras do próprio nome; usa números na palavra; tem leitura global, individual e instável do que escreve (só ele sabe o que quis escrever), demonstrando que se encontra no nível pré-silábico. Mesmo tendo consciência de que se escreve com letras, a criança em questão grafa um número de letras de forma indiscriminada, sem antecipar quantos e quais caracteres precisará usar para registrar a palavra.
          Nessa fase os conflitos vividos pela criança são a dúvida de quais sinais usar para escrever as palavras e a necessidade de conhecer o significado dos sinais escritos. Isso mostra que Paulo precisa saber diferenciar o desenho da escrita, reconhecer que usamos letras para escrever e perceber que usamos letras diferentes em diferentes posições. A passagem para o nível silábico, segundo Mendonça e Mendonça (2007, p. 46) “é feita com atividades que vinculem o discurso oral com o texto escrito, da palavra escrita com a palavra falada.” Assim, o aprendiz irá descobrir que a palavra escrita representa a palavra falada, compreendendo também a relação sonora.

          As atividades que são favoráveis para esse avanço são: alfabeto móvel, desenhar e escrever o que desenhou, ter contato com diferentes textos, conversar sobre a função da escrita, bingo de letras, produção oral de histórias, escrita espontânea ou tendo a professora como escriba, etc. Essas atividades mostram que não há a necessidade de repetição e memorização sem sentido das letras, mas sim, que seja apresentada à criança o texto, as letras, a palavra, para que ela perceba o uso da escrita. Sendo papel do alfabetizador de estimular, proporcionando à criança maneiras de aprender.

Análise feita por: Sally Soares

REFERÊNCIA:


MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa. O construtivismo no Brasil: contribuição, equívocos e consequências para a alfabetização. In: Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2007. p. 41-72.