Na segunda postagem dessa série, trouxemos uma análise da escrita de uma menina, de nome fictício Maria. Ela tem dois anos e três meses. Vamos conferir em qual fase ela está?
Teorizando o processo de análise...
Atividade desenvolvida pela
docente da disciplina de Metodologia da Alfabetização do curso de Licenciatura
em Pedagogia (VI semestre), com o intuito de analisar a fase da lecto-escrita
de alguma criança na faixa etária de dois a seis anos, observando a desenvoltura
da mesma. Sobre determinado assunto as autoras Ferreiro e Teberoski, vem nos
dizer o seguinte:
(...)
Pretendemos demonstrar que a aprendizagem da leitura, entendida como questionamento
a respeito da natureza, função e valor deste objeto cultural que é a escrita,
inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por insuspeitados
caminhos... .Com isso nos leva a pensar na historia de vida que cada individuo
possui antes mesmo de frequentar a escola, e que nenhum aluno é considerado uma
tabula rasa.
A teoria psicogênese diz que a criança passa por níveis estruturais
da língua escrita até que se aproprie da complexidade do sistema alfabético.
Essas fases são classificadas em: pré-silábico; silábico, que se divide em
silábico-alfabético e alfabético. Esse é o primeiro momento da criança de
descoberta e contato com a escrita, onde ela não estabelece relações entre a
escrita e a pronúncia, expressando sua escrita através de desenhos, rabiscos e
letras usadas aleatoriamente, sem repetição.
Outra característica desta fase é o "realismo
nominal", expressão utilizada por Piaget para designar a impossibilidade
de conceber a palavra e o objeto a que se referem como duas realidades
distintas. Assim, a criança pensa que a palavra “trem” é maior que “telefone”,
porque representa um objeto maior e mais pesado. A superação do realismo
nominal, pela percepção de que a palavra escrita, diferentemente do desenho,
não representa o objeto, mas, seu nome, é indispensável para o sucesso na
alfabetização. Com a mudança para a próxima fase o que pode acontecer é uma
serie de conflitos na cabeça da criança, onde no primeiro momento ela poderia
representar as palavras com desenhos, rabiscos etc. Com a passagem do pré-silabico
para o silábico a criança descobre a lógica da escrita, percebendo a
correspondência entre a representação escrita das palavras e as propriedades
sonoras das letras, usando, ao escrever, uma letra para cada emissão sonora.
Causando assim alguns conflitos que levará ao próximo nível: a percepção de que
há estabilidade nas palavras (há uma forma única para escrever corretamente
cada palavra).
Análise de Maria (nome fictício):
Figura 2 |
A criança a qual foi feita a
analise, tem dois anos e três meses, chamada aqui por nome fictício Maria, e
encontra-se na fase pré-silábica, (como mostra a figura 2) e para que aconteça a
mudança de fase é preciso que seja desenvolvidas atividades de vinculação do
discurso oral com o texto escrito, da palavra escrita com a palavra falada. E no
momento da analise foi percebido que com decorrer da atividade, a criança ia
escrevendo em rabisco tudo que era pedido para ser feito, e alguns rabiscos
eram semelhantes, pois com é dito por Teberosky e Ferreiro que a criança, nessa
fase: não estabelece vínculo entre fala e escrita; demonstra intenção de
escrever através de traçado linear com formas diferentes; supõe que a escrita é
outra forma de desenhar ou de representar coisas e usa desenhos, garatujas e
rabiscos para escrever; supõe que a escrita representa o nome dos objetos;
coisas grandes devem ter nomes grandes, coisas pequenas devem ter nomes
pequenos.
Análise feita por: Vanusa Souza
REFERÊNCIA:
MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa. Alfabetização:
método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo
Freire. São Paulo: Cortez, 2007.
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