segunda-feira, 31 de agosto de 2015

RESUMO - Alfabetização: método sociolinguístico (CAPÍTULO 2)

Tornou-se comum educadores afirmarem que - a alfabetização deve ser um processo criativo, o diálogo precisa estar na sala de aula, precisamos formar o cidadão crítico e reflexivo. Mas como fazer isso? Este livro, através do Método Sociolinguístico, oferece subsídios para o professor desenvolver, passo a passo, uma alfabetização conscientizadora, despertada pelo senso crítico e pela reflexão. Os autores reinventaram o Método Paulo Freire, quando a ele associam atividades dos níveis pré-silábico, silábico e alfabético, decorrentes da Psicogênese da língua escrita, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, apontando um caminho para a alfabetização de qualidade de crianças, jovens e adultos.


           Onaide Schwartz Mendonça alfabetizou crianças no ensino público durante dez anos, é especialista em Didática Geral, mestre e doutora em Letras – Área de Filologia e Linguística Portuguesa – pela Universidade Estadual Paulista. Olympio Correa Mendonça alfabetizou adultos no ensino público e em comunidades. É professor (aposentado) de Linguística e Ensino de Língua Materna da Universidade Estadual Paulista, onde orientou dez mestrados e cinco doutorados recomendados pelo MEC. Eles são os autores de vários livros que envolvem a temática alfabetização, dentre eles, “Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire”. Esse livro contêm exemplos práticos e concepções de proposta de alfabetização fundamentadas na Linguística, Sociolinguística e na Psicolinguística. A parte que aqui será resumida, é o segundo capítulo do livro supracitado, com o título: “O construtivismo no Brasil: contribuição, equívocos e consequências para a alfabetização”. Esse trecho pretende apresentar os resultados da pesquisa “Psicogênese da língua escrita”, de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, em seus aspectos linguísticos, significativos à alfabetização, e demonstrar os equívocos mais comuns advindos da interpretação desvirtuada dessa teoria, bem como suas consequências. Para isso, os autores dividiram o capítulo em três partes: “A contribuição da Psicogênese da língua escrita para a alfabetização”, “Equívocos da interpretação da Psicogênese da língua escrita”, e, “Consequências dos equívocos da interpretação da psicogênese da língua escrita”. Na primeira parte (“A contribuição da Psicogênese da língua escrita para a alfabetização”), os autores iniciam mostrando o inicio da pesquisa de Ferreiro e Teberosky, em 1974, sendo a primeira publicação no Brasil em 1986, partindo da concepção de que a aquisição do conhecimento se baseia na interação do sujeito com o objeto de conhecimento, demonstrando que antes da criança chegar à escola, ela já faz hipóteses sobre o código escrito, além de dizer que a teoria piagetiana não tinha bases suficientes para dar conta da linguagem. Dessa forma, Ferreiro e Teberosky, partem do pressuposto de que todo o conhecimento tem uma gênese, colocando as seguintes questões: “Quais as formas iniciais do conhecimento da língua? Quais os processos de conceitualização do sujeito (ideias do sujeito + realidade do objeto de conhecimento)? Como a criança chega a ser um leitor, no sentido das formas terminais de domínio da base alfabética da língua escrita?” Durante a sua pesquisa, baseado nos experimentos, essas respostas vão sendo respondidas, criando então, um caminho que a criança percorre na sua formulação de hipóteses a respeito do código, que pode ser representado nos níveis pré-silábico, silábico, silábico-alfabético, alfabético. Quando questionada sobre a aquisição da escrita por adultos, e se o processo se dá da mesma forma que na criança, Ferreiro mostrou que assim como as crianças sabem, mesmo antes de vir para a escola, que a escrita é um sistema de representação e fazem hipóteses, o adulto analfabeto também se encontra na mesma condição. O que difere, é que os adultos não passam pelo nível pré-silábico, já que tem muito claro que se escreve com letras e qual a função social da escrita, alem da dificuldade de conseguir do adulto produções escritas, quando este está pré-alfabetizado, por se sentir incapaz de tentar escrever. Na segunda parte, com nome “Equívocos da interpretação da Psicogênese da língua escrita” os autores abordam o equívoco da exclusão da didática silábica nas escolas que aderiram à teoria construtivista. Teoria esta que foi introduzida no Brasil com o intuito de contribuir na melhoria da qualidade da alfabetização, sendo que, para que isto ocorra, tem havido um abalo nas crenças e nos fundamentos da alfabetização tradicional, mudando drasticamente a linha de ensino das escolas. Isso infelizmente acarretou num grande conflito metodológico para os professores alfabetizadores. A Psicogênese da língua escrita diz que o professor tem o papel de mediador entre a criança e a escrita, criando estratégias que propiciem o contato do aprendiz com esse objeto social, para que possa pensar e agir sobre ele, mostrando que a alfabetização deve ser significativa, contextualizada. Mesmo trazendo uma ideia global da maneira de alfabetizar, o professor não deve deixar de fazer a segmentação em fonemas, já que ela não se desenvolve naturalmente, precisando ser ensinada explicitamente, só que não necessariamente de maneira mecânica. Na terceira e última parte do capítulo (“Consequências dos equívocos da interpretação da Psicogênese da língua escrita”) os autores trazem as principais consequências e orientações equivocadas decorrentes da má interpretação da Psicogênese da língua escrita: 1) as definições de alfabetização e letramento; 2) a ideia de que as relações entre fonemas e grafemas são específicas à alfabetização; 3) os textos utilizados nas “propostas construtivistas”; 4) a ideia de que os alunos aprendem a escrever só de ver o professor escrevendo na lousa; 5) a ideia de que não precisa ensinar, já que a criança aprende sozinha; 6) a forma de solicitar que os alunos escrevam do seu jeito; 7) a ideia de que o professor não pode corrigir o aluno; 8) o salto entre atividades do nível pré-silábico para as de nível alfabético; 9) o preconceito contra a sílaba; e, 10) a ideia de que o professor não pode intervir, já que o sujeito constrói o seu conhecimento. Percebe-se que o construtivismo teve seu mérito por apresentar uma teoria sobre a aquisição da escrita, entretanto, se antes não tínhamos uma teoria, mas somente um método baseado nas cartilhas, hoje temos teoria, mas não se tem método.

REFERÊNCIA:

MENDONÇA, Onaide Schwartz; MENDONÇA, Olympio Correa. O construtivismo no Brasil: contribuição, equívocos e consequências para a alfabetização. In: Alfabetização: método sociolinguístico: consciência social, silábica e alfabética em Paulo Freire. São Paulo: Cortez, 2007. p. 41-72.

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